terça-feira, 21 de dezembro de 2010

MAIS UMA LEITURA PARA HOJE

CRISTOVAM BUARQUE

Jornal do Commercio - 26/12/2008



Há muitos anos, escrevi carta a Papai Noel pedindo uma bicicleta. E ganhei. Miro, que morava num casebre ao lado da minha casa, no Bairro dos Aflitos, não recebeu. Escrevi outra carta ao Papai Noel, pedindo uma bicicleta para ele. Ele não recebeu. Hoje, não pediria bicicleta, pediria uma boa escola. Este é o pedido que faria neste Natal para o Brasil: que no dia 25 de dezembro, nossa população acordasse educada, com um imenso conhecimento-coletivo (a soma do conhecimento de todos os brasileiros) de geografia, matemática, filosofia, história; sabendo usar computadores, lendo e escrevendo bom português, falando idiomas estrangeiros, conversando sobre literatura, conhecendo arte, tendo dezenas de milhares de doutores e cientistas.

Com a soma desse conhecimento, a população educada faria uma economia potente e moderna, a riqueza seria mais bem distribuída entre as pessoas e regiões, as cidades seriam pacíficas; o meio ambiente, equilibrado.

Mas o conhecimento não chega de repente, precisa de anos, décadas para se formar, por isso, desejo 200 mil escolas bonitas, com espaço suficiente para todos os alunos; todas com os equipamentos necessários, laboratórios, computadores, televisões, DVDs, antenas parabólicas, quadras esportivas, bibliotecas, teatros e cinemas; desejo que nenhuma criança saia da escola antes de completar o ensino médio; e que sejam alfabetizados os 15 milhões de adultos que ainda não sabem ler.

O Brasil seria um celeiro de cientistas, escritores, filósofos, intelectuais, doutores, engenheiros, professores, como somos o celeiro dos melhores futebolistas do mundo.

Sobretudo, se tivesse a quem pedir, escreveria solicitando que o Brasil recebesse, de presente, dois milhões de professores, todos eles muito bem preparados, com muitos anos de estudos, dedicação, vontade de trabalhar, amor à profissão e aos alunos, bem preparados, dedicados e muito, muito bem remunerados, queridos e respeitados pela população.

Pode parecer que a idade me deixou ambicioso: em vez de uma bicicleta para o vizinho, peço um presente complicado para o Brasil. Mas Papai Noel vem da Finlândia. Naquele país – eu tive a chance de ver – foi possível fazer a revolução educacional, garantir a qualidade de suas escolas, tratar bem os professores, aprimorar o cuidado com as crianças. Descobri que, na terra do Papai Noel, a educação construiu um país rico em cultura, ciência, tecnologia e economia. Por isso, sinto-me no direito de desejar o mesmo para meu País.

Mas sei que não é possível receber conhecimento coletivo – nem escolas com seus equipamentos e professores – do exterior. A revolução educacional só pode ser feita pelo próprio povo e por seus líderes. Por isso, neste Natal, gostaria de pedir uma nova geração de líderes, como o melhor presente para o Brasil. Líderes que tenham o compromisso de transformar o País, educando nosso povo. Mas isso tampouco vai nos chegar sob a forma de presente. Não há presentes na política e na condução dos países. A cada povo cabe encontrar seu próprio caminho, definir que futuro deseja, decidir como usar seus recursos.

Mas os líderes são eleitos pelo povo. Portanto, desejo que cada brasileiro seja o Papai Noel do Brasil, elegendo os líderes de que precisamos para fazer a revolução educacional que mudará o País. Sobretudo, desejo que, graças ao voto, o Brasil se transforme e não seja mais preciso uma criança pedir bicicleta a Papai Noel para o vizinho pobre.

Fonte: Artigo publicado no Jornal do Commercio de sexta-feira, 26 de dezembro.


DICA DE LEITURA DO DIA...

Para entender certos sonhos...

Sergiana é uma menina sonhadora. Mora perto da praia, mas nunca pôde ir até lá. Luciano é um garoto que tem um grande talento, mas não sabe. Além disso, se acha muito feio; jamais imaginaria que Sergiana gosta dele. Juntos, os dois descobrirão a mágica contida nos pequenos desejos, num cenário urbano onde viver nem sempre é fácil: a Favela da Maré.

"Criança é criança em qualquer lugar"

Georgina Martins começou a escrever profissionalmente em 1999, quando contava mais de 40 anos. Fã da obra de Graciliano Ramos, ela aborda - a exemplo do autor de Vidas secas - um indigno universo de carências. Em Uma maré de desejos, relata a difícil vida dos jovens Sergiana e Luciano.
"Este livro é fruto do meu assombro, indignação e desconforto diante da situação da infância na Favela da Maré", diz Georgina. O chamado Complexo da Maré, localizado no Rio de Janeiro, é um exemplo de favela plana, que se alastra pela zona da Leopoldina, subúrbio carioca.
(...)
Na verdade, acho que Uma maré de desejos tenta homenagear as crianças da Favela da Maré, dizer para elas que eu também sofro com a situação que são obrigadas a enfrentar. Por isso, quis denunciar algumas coisas, com a esperança de que a situação delas mude e que elas possam ser felizes."

Fonte: http://www.atica.com.br/entrevistas/?e=34 

TRISTEZA EDUCACIONAL

Vou citar alguns trechos de textos que li nos últimos dias e depois faço a síntese...Se conseguir, é claro!
"Não só tememos a diferença, como também não conseguimos conviver pacificamente com o conflito. Diante do outro, nosso instinto é de tentar eliminá-lo, acabar com a perturbação que nos causa."
Cacá Diegues, "Devolve não, Chico", In: O GLOBO, de 18/12/2010
"Ninguém nasce odiando outras pessoas pela cor de sua pele, por sua origem, ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender. E, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."
Nelson Mandela

Estou muito triste e desencantada. Não é fruto desse clima de melancolia que , paradoxalmente, nos invade sempre quando chega essa época eufórica de Natal e Ano Novo. Estou triste porque me senti impotente, porque me senti participando de algo que julgo, no mínimo, perverso. Estou triste porque há exatos vinte e quatro anos venho protestando contra um estado de coisas que não consegui mudar. Sei que devemos aceitar democraticamente as decisões da maioria, mas isso não nos impede de mantermos nossa visão crítica, nem deve nos tolher o direito _ também democrático _ de expressar nossas opiniões nos mais diversos foruns.
A questão é a seguinte: Eu só acredito na educação pública e laica, e, mesmo assim, isso não quer dizer que acredite em nosso sistema educacional. Mas acho que a educação pública de qualidade deve ser obrigação do Estado e direito de todo e qualquer cidadão, e que a Escola tem o dever de manter os alunos ali dentro, custe o que custar, dê o trabalho que der, cause o incômodo que causar.
Um aluno meu foi jubilado (palavra detestável!) da escola pública de qualidade onde trabalho. Ele é pobre, é negro, é filho da violência de nosso Estado e de nossa sociedade hipócrita, que declara que a escola pública de qualidade não é para ele. Fizemos tudo o que estava a nosso alcance? Não, tenho certeza de que não. Só porque tivemos um pouco mais de paciência com ele, porque tivemos algumas ou muitas conversas com ele, não tenho a consciência tranquila de que fiz tudo por ele. Sinto-me socialmente devedora. Escola pública é para todos, não importa cor, credo, dinheiro no bolso, situação familiar, nem ( e muito menos) comportamento.
Que escola pública de qualidade é essa? A que jubila o diferente? A que ensina a odiar em vez de amar? Porque excluir, expulsar é uma forma de odiar. Não suporto mais ouvir o _ preconceituoso _ discurso de que "Esta escola não é para este aluno". E qual é, então? Por que alguns têm direito a essa escola pública de qualidade e outros não? 
"Ah, ele não dá verdadeiro valor à educação! E eu, quando tinha sua idade, já dava". Analisemos esta fala. Em primeiro lugar, foi pronunciada por pessoas na faixa dos 40/50anos, criadas em outra época, com outros valores, em famílias de classe média, estruturadas (nem que fossem na aparência...), com papai, mamãe, comida na mesa, contas pagas... Esse menino tem 14 anos (constitucionalmente, o Estado lhe é devedor de educação!), vem de uma esfera social que, tenho certeza, nenhum de nós, seus professores, tem a menor ideia de como seja, e lhe negamos o essencial: uma escola pública de qualidade!
Estou triste e desencantada com os rumos que as coisas que vêm tomando no âmbito da educação. De que valem PISAs, provas, índices, se mais um menino foi excluído de um colégio que ele amava, sim?Nunca teve uma falta em minhas aulas, estava sempre às 7 horas em ponto na porta da escola para ali conviver boa parte de seu dia. Aprontava? E muito... Era difícil lidar com ele? E como... Mas ele tem potencial, é inteligente e poderia aprender a amar. Talvez agora, como disse Mandela, aprenda a odiar mais um pouco... Mais uma vez, escolhemos o caminho mais simples: eliminar a perturbação que o Outro (a diferença) nos causa... 
Estou triste!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

DICA DE LEITURA DO DIA...

Já que hoje quero pensar sobre a escrita, e ainda abrirei mais minha torneirinha sobre o assunto, minha dica de leitura  vai para o romance A louca da casa de uma escritora espanhola que amo, Rosa Montero.

"La imaginación es la loca de la casa."
SANTA TERESA DE JESÚS

"Me he acostumbrado a ordenar los recuerdos de mi vida con un cómputo de novios y de libros. Las diversas parejas que he tenido y las obras que he publicado son los mojones que marcan mi memoria, convirtiendo el informe barullo del tiempo en algo organizado. “Ah, aquel viaje a Japón debió de ser en la época en la que estaba con J., poco después de escribir Te trataré como a una reina”, me digo, e inmediatamente las reminiscencias de aquel periodo, las desgastadas pizcas del pasado, parecen colocarse en su lugar."

O ato de escrever


Escribir es um descubrimiento diário a través de la palavra, y la palavra es lo más bello que se há creado, es lo más importante de todo lo que tenemos los seres humanos. La palavra es lo que nos salva.
Ana Maria Matute, escritora española

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

DICA DE LEITURA DO DIA...

Já que o tema é Monteiro Lobato, recomendo o seguinte livro sobre o querido autor paulista:
Um Jeca Nos Vernissages:Monteiro Lobato e o desejo da criação de uma arte
Autor: CHIARELLI, TADEU
Editora: EDUSP
Apesar de sua incontestável importância e influência na arte brasileira, o Modernismo, como todo grande acontecimento, cria em torno de si histórias e interpretações que beiram a mitificação. Chiarelli parte do polêmico episódio entre o então crítico de arte Monteiro Lobato e a jovem pintora Anita Malfatti, em 1917, fazendo uma pesquisa detalhada de reconstituição dos efervescentes anos que antecederam a Semana de 22 para rever algumas lendas, como a fama de mau crítico de Lobato, criadas pelos próprios participantes do movimento modernista e corroboradas por estudiosos do assunto durante as décadas seguintes.
A OBRA:
O AUTOR

AEILIJ se posiciona a respeito do caso Lobato

Em 1º/9/2010, o CNE divulgou o parecer CNE/CEB nº:15/2010, em relação à obra Caçadas de Pedrinho, que provocou imediatamente um debate por parte dos educadores e intelectuais ligados ao meio literário, sobretudo os pesquisadores da obra de Lobato e escritores de LIJ. Existe grande controvérsia em relação à interpretação do parecer, como se pode constatar pela quantidade de artigos e opiniões divergentes expressas principalmente através da internet. No entanto, a questão está posta no centro das atenções e não há como fugir a ela. De fato, o documento do CNE não propõe o banimento da obra de Lobato das escolas, mas atribui conotações racistas a determinadas expressões utilizadas no referido livro e exige da editora a inserção no texto de apresentação de uma nota explicativa sobre os estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos raciais na literatura. O mesmo seria feito em relação a outras obras anteriormente selecionadas para o PNBE e que apresentassem situação semelhante.
Como é do nosso entendimento que a questão não se restringe unicamente ao livro ora focalizado, nós, da AEILIJ – Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil – gostaríamos de deixar claro que:
1.    Somos contra a proibição de quaisquer obras literárias, o que inclui os livros de Monteiro Lobato e os de qualquer outro escritor;
2.    Somos contra os exageros da imposição do comportamento "politicamente correto", que, embora não sendo fato recente, tem se exacerbado nos últimos anos;
3.    Somos contra a censura explícita ou velada e até sua forma internalizada que vem tomando corpo em vários segmentos da sociedade;
4.    Somos a favor de expressões artísticas (e não somente da literatura) livres e responsáveis.
Não nos opomos à inclusão, no livro literário, de prefácios ou fichas de leitura, mas defendemos que estes, quando existirem, sejam uma opção editorial e não uma imposição externa, como condição sine qua non para a adoção ou seleção de determinada obra. 
Como tudo na vida sempre tem um lado positivo, aproveitamos este ponto positivo no caso Lobato é que a celeuma em torno do referido parecer levantou uma discussão há muito necessária: a questão do politicamente correto ou (in)correto na LIJ. Para quem não sabe, “politicamente correto” é um conceito americano de controle da liberdade de expressão, para a qual  tem trazido imensos retrocessos. Hoje existe uma série de restrições, praticamente uma censura velada em relação à LIJ e nós, autores de texto e imagem, associados da AEILIJ, entendemos que qualquer obra literária se constrói a partir da liberdade de expressão artística.
Acreditamos que esse debate pode e deve levantar uma discussão por parte da sociedade e, sobretudo, das escolas e do MEC, em relação ao que deve ou não ser adotado nas escolas. A literatura precisa ser separada da escolarização, no que este aspecto vem aportando de pior. Escolarizar algo pode ser produtivo, mas, se quisermos de fato formar um país de leitores, como pretendia Lobato, precisamos urgentemente rever toda a relação que a comunidade escolar tem com os livros e com a literatura. Lobato e diversos outros autores não podem ser barrados nas escolas porque as pessoas não querem (ou não sabem como) discutir as questões mais profundas da vida. Diversos autores da LIJ brasileira sofrem este tipo de censura. Ou por parte das editoras, que muitas vezes ficam preocupadas com o que pode ou não ser dito em um livro, por receio da possível dificuldade de adoção, ou simplesmente por parte das escolas, que impedem que temas como folclore, sexualidade, morte, drogas e afins entrem em sala de aula, tudo porque são temas mais delicados que discutem a vida em sua essência. Mas nem sempre as pessoas querem discutir a vida ou muitas vezes nem possuem uma ideia formada sobre tais temas. Com frequência, livros maravilhosos e bem escritos são barrados na escola porque apresentam a vida como ela é, sem fingimentos.
Histórias em que, por exemplo, uma adolescente engravida numa noite em que se embriagou, muitas vezes não encontram espaço no debate escolar porque, alega-se, podem estar incentivando a gravidez precoce, mesmo que o livro vá exatamente na contramão, mostrando as graves consequências da situação. Livros que falam sobre morte ou mesmo suicídio também são recordistas no quesito “barrados no baile”, porque os mediadores de leitura não sabem muito bem como lidar com as dúvidas e os questionamentos dos leitores: crianças e jovens. Enfim, todas as questões que são nossas, as do Homem, acabam sendo vetadas ou mutiladas pela imensa fragilidade de que se sente acometida a sociedade quando deve discutir esses assuntos com seus jovens e suas crianças.
O que foi colocado em pauta nesses últimos dias, muito mais do que uma “recomendação negativa” ao livro Caçadas de Pedrinho, foi a liberdade do leitor em fazer escolhas e a possibilidade de refletir sobre o cotidiano da sociedade, com suas mazelas e idiossincrasias. Afinal, Shangrilá, por enquanto, só existe na ficção.
Por tudo isso, e pelo que ainda possa vir por aí, a AEILIJ tem como palavra de ordem: “Pela Democratização da LITERATURA no Brasil”.
Fonte: http://www.aeilij.org.br

sábado, 11 de dezembro de 2010

DICA DE LEITURA DO DIA...

Já que falamos sobre o tema PAI ao comentarmos o filme de Coppola, a dica de hoje vai para um dos mais belos livros que já li. Dizem que é para jovens e crianças, mas acho, sinceramente, que não. É para nós, adultos, mesmo! Por parte de pai já é um clássico, se observarmos alguns dos critérios listados por Calvino para assim definir certas obras literárias. Bartolomeu Campos de Queirós é um mestre inigualável. O que está esperando para correr em busca deste livro e saboreá-lo?

Projeto gráfico e capa:
Paulo Bernardo Vaz
Fotos de capa: Fotógrafos anônimos da região de Bom Despacho/MG
Modelos das fotos de capa:
Sr. Bernardo Vaz e D. Sinhá (c. 1905), sobrinhos (c. 1920) e o neto Vicente de Paula (1935)
Por parte de Pai
Bartolomeu Campos Queirós
RHJ
"Nunca recebi dez com louvor,
sempre sete com distinção." 
 
Fonte:
http://www.caleidoscopio.art.br/bartolomeuqueiros/index.htm

CINEMA DO PROFESSOR

Você que me lê e que é professor ou professora não pode perder um excelente programa para as manhãs de sábado. De 11h às 13h, ou no máximo, 13h30min, como hoje, sempre um bom filme grátis para a nossa classe.Faço desse cineminha matinal um compromisso com minha porção cinéfila e, além disso, sempre há algum encontro agradável com amigos e colegas de profissão. Cinema, realmente, é uma das maiores invenções. Muito já se falou sobre a magia da sala escura , e não irei repetir o já-falado, mas nada substitui uma boa sala escura de cinema, a imagem do telão que invade nossas retinas, a magia de ser transportado para dentro da narrativa. É um processo análogo ao da leitura, mas com imagens, aproximando-se muito do clima alucinógeno dos sonhos.

E o filme de hoje nos leva para esse ambiente de fantasia, loucura e delírio. É um bom filme: Tetro. Não é o melhor Coppola, mas é um Coppola. Temos ali um poderoso chefão e todos os ardis e neuroses familiares presentes em seus outros filmes. Talvez um pouco exagerados, o que faz o filme pecar; mas, mesmo assim, é uma experiência que recomendo.
Buenos Aires em P&B é genial. La Boca y El Caminito sem as cores berrantes que os caracterizam tornam-se ainda mais melodramáticos. O café Tortoni nos dá água na boca. A sujeira das ruas é nossa também. Mas os dichos en los muros são totalmente argentinos. Em qualquer cidade argentina, os muros estão repletos de belas frases, e a homenagem de Coppola a esse aspecto é bela e sensível.
Como é difícil matarmos o pai, mas é preciso; como também é preciso fazer dele sua Fênix e reavivá-lo com outra forma, outra feição e outro afeto. É disso que fala o filme e esse é sempre um tema instigante...

Deixo, então aqui, dois links. Um sobre o Escola no Cinema e outro sobre o filme. Aproveitem!
http://www.escolanocinema.com.br/
http://www.imdb.com/video/imdb/vi496828953/

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

DICA DE LEITURA DO DIA...

Este livro é uma delícia. O texto é da Flávia Côrtes e a ilustração e programação gráfica da Anielizabeth. O livro vai se abrindo e cada virada uma surpresa divertida! Um presente de Natal maravilhoso para a gurizada...

Esta aqui embaixo é a querida Anie...
Escrito pela competente Ieda de Oliveira e ilustrado pela Márcia Széliga, um livro indicado por esta que vos escreve. Se não encontrarem nas livrarias, procurem na página da Ed. Prumo!
E esta é a Márcia...

PAPO SOBRE ILUSTRAÇÃO

Há alguns dias, foi postada no Publishnews  __ que recomendo a vocês, queridos leitores __ uma matéria sobre ilustração, que, em resumo,nos contava que numa determinada cidade dos EUA os livros ilustrados provavelmente iriam desaparecer, uma vez que eles não eram recomendáveis para os leitores em formação por "infantilizá-los" e, inclusive, atrapalhar no processo de aquisição da língua e da leitura. Causou-me tenebroso espanto tal reportagem, pois sabemos da importância atual do aprendizado de uma leitura crítica de imagens num mundo cada vez mais visual e virtual. Além disso, ilustração é arte e o ilustrador (salvo raríssimas exceções!) é um co-autor ou mesmo autor de livros ilustrados.
No forum de discussões da AEILIJ ( Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil), postei a tal reportagem e fui esclarecida pelo querido Leo Cunha que teria havido um problema quanto à tradução, pois a reportagem apenas se referia aos álbuns ilustrados, categoria que não temos muito por aqui na terrinha. Bom, mesmo assim, o espanto continuou. A partir de sugestão da Anielizabeth, excelente ilustradora, amiga e companheira da AEILIJ, postarei nossas conversas sobre o tema.

PRIMEIRO A MATÉRIA: (publicada em 30/11)
Livros infantis perdem espaço nas prateleiras Por JULIE BOSMAN

Os livros infantis fartamente ilustrados são tão pouco procurados hoje em dia na livraria Children's Book Shop, em Brookline, Massachusetts, que os funcionários da loja se acostumaram a colocar exemplares novos nas estantes, vê-los ficar parados ali e devolvê-los às editoras.
O fenômeno não se limita a essa loja. O livro ilustrado -presença constante na literatura infantil, com ilustrações chamativas, cores alegres, letras de tamanho grande e capa atraente- vem perdendo espaço. Esse tipo de livro não vai desaparecer -os nomes eternos, como as obras de Sendak e Seuss, ainda vendem bem-, mas as editoras vêm reduzindo o número de lançamentos, e livreiros nos EUA dizem que as vendas de livros infantis ilustrados estão em baixa.
A crise econômica é um fator importante a explicar a tendência. A lém disso, porém, os pais começaram a pressionar seus filhos em idade pré-escolar e na primeira série escolar a abrir mão dos livros ilustrados em favor de livros com mais texto e histórias divididas em pequenos capítulos. As editoras falam das pressões de pais preocupados com as avaliações escolares padronizadas e cada vez mais rigorosas.
"Os pais andam dizendo 'meu filho não precisa mais de livros com ilustrações'", disse Justin Chanda, editor da Simon & Schuster Books for Young Readers. "Há uma pressão real vinda de pais e escolas para que as crianças comecem mais cedo a ler livros para um público mais velho."
Mas editores e especialistas em alfabetização elogiam os livros ilustrados, dizendo que podem ajudar a desenvolver o pensamento crítico da criança.
"Até certo ponto, os livros ilustrados forçam a criança a ter um pensamento analógico", disse Karen Lotz, editora da Candlewick Press, em Somerville, Massachus etts. "De ilustração em ilustração, à medida que o leitor interage com o livro, sua imaginação vai preenchendo as lacunas."
Muitos pais deixam de levar em conta o fato de que livros com mais texto, parágrafos completos e menos imagens não são necessariamente mais complexos que os livros ilustrados. "O vocabulário de um livro ilustrado pode ser muito mais difícil que o de um livro com mais texto", disse Kris Vreeland, compradora da livraria Vroman's, de Pasadena, Califórnia.
Alguns pais dizem que dão livros com mais texto a seus filhos para fomentar as habilidades das crianças. Amanda Gignac, de San Antonio, Texas, é mãe que cuida dos filhos em casa e escreve o blog sobre livros The Zen Leaf. Ela contou que seu filho, Laurence, começou a ler livros com muito texto quando tinha quatro anos.
Laurence está com seis anos hoje e regularmente encara livros de texto de 80 páginas, mas ainda é um "leitor relutante", disse Gignac. Às vezes, ela contou, Laurence tenta voltar para os livros ilustrados. "Ele ainda leria livros ilustrados hoje, se o deixássemos, porque não quer ter trabalho para ler", explicou.
Jen Haller, vice-presidente e editora associada do Grupo Penguin de Leitores Jovens, disse que, embora algumas crianças estejam começando a ler livros de texto mais cedo, ainda leem livros ilustrados ocasionalmente.
"Os livros infantis ilustrados possuem um forte elemento confortador", disse Haller. "Não é o caso de essa porta se fechar, e de eles nunca mais poderem ler livros ilustrados."



ANIELIZABETH COMENTA: (04/12)
Ai, Antonella, querida!
Meu estômago foi no pé com este texto. Quantos equívocos!
Lamentável saber que as pessoas saem por aí espalhando este tipo de coisa, Antonella. Como se a ilustração fosse algo fútil em um livro, ou distanciasse a criança da leitura. Meu Deus, tanto já se leu, já se produziu de material teórico sobre isso e ainda vemos editoras, livreiros e professores às voltas com estas questões. Dia desses participei de um evento onde um senhor, contador de histórias profissional, resolveu ler para as crianças um livro ilustrado por mim. Ele não mostrou nenhuma imagem durante a leitura. Aliás, ele virava as páginas com rapidez, dobrava o livro e ignorava as páginas duplas, as vinhetas, os detalhes que as crianças iam apontando pelas beirinhas dos dedos dele... E eu ali, sorrindo, em cólicas. Terminada a contação, não me segurei. Refiz a leitura atentando para como o livro poderia ser contado pelas imagens, pelas páginas duplas, pelas vinhetas, pela diagramação... Enfim, havia tanta coisa a ser explorada... No fim de tudo, ele ficou lá, olhando os originais, fazendo perguntas acerca da criação das imagens.
Ainda precisamos quebrar muitos paradigmas mundo afora, né?
Beijos
Anie
Anielizabeth
Ilustradora
www.anielizabeth.blogspot.com
Coordenadora Regional AEILIJ - RJ
www.aeilijrio.blogspot.com


MÁRCIA SZÉLIGA COMENTA: (06/12)

Certa vez em que eu dei um curso de extensão na Universidade Federal do Paraná, de ilustração de livros, tive uma aluna que se inscreveu apenas para entender o porquê de eu fomentar a ilustração de livros para crianaçs como algo positivo.
Sendo ela professora de pré-escola e ensino fundamental, alegava num tom de revolta que as ilustrações só serviam paradesviar a atenção da criança da matéria, e para distraí-la, o que ocasionava como consequência a total perda de controle sobre a turma. Logo, essa professora bania todo livro infantil da sala. Ela é só um exemplo do que pode ter a mais por aí espalhado nas escolas.
Bem... aconteceu que propus à turma um exercício já de imediato diante desse depoimento. Ela disparou dizendo que nunca havia pegado em lápis e que detestava desenhar. (Fiquei imaginando então que força de vontade era essa de se inscrever em meu curso...).
Então, antes de colocar o exercício em prática, lembrei de O Pequeno Príncipe. Perguntei se ao menos isso ela já havia lido. Ufa! Respondeu que sim. E conduzi a turma a lembrar da parte em que a cobra engoliu um elefante e do quanto esse desenho foi ridicularizado pelos adultos, dizendo que era um chapéu.
Então, através de outros exemplos, pude provar o quanto em nossa infância somos ridicularizados em nossas garatujas, e quanto ainda o ensino nas escolinhas ainda procura mostrar aos seus clientes - os pais - o quanto seus filhinhos estão se desenvolvendo em coordenação motora nos exercícios das caríssimas apostilas adotadas, e muito pouco é dado de expresão livre para que não sujem os uniformes, nem lambuzem os paéis, nem gastem muito material, porque fica "feio". Porque os adultos não vão aprovar, não vão gostar, não vão entender, vão ridicularizar, e estão pagando escola afinal pra quê, não é mesmo?
E lembrei também daquele tio ou tia ou irmão que pedia pra desenhar e cuidar pra não pintar fora da linha, e do dedo em riste apontando os defeitos do desenho, que precisava melhorar, e dei meu próprio exemplo da freira que bateu com a régua em minha mão por eu pegar errado no lápis para escrever.
Aconteceu então que foi quase que uma catarse coletiva. A aula que era pra ser de desenho, virou um divã de queixas de cada um, e a tal professora não pôde conter as lágrimas. Juntou o material e na saída disse que um tio dela a ridicularizou quando pequena quando ela desenhou uma figura para representar seu pai e seu tio riu dela dizendo que aquilo era uma aranha muito feia.
Pedi para que permanecesse e experienciasse a atividade. Mas ela saiu dali dizendo que a lição do meu curso ela já havia aprendido o que precisava.Espero mesmo que ela tenha colocado livros ilustrados pra petizada... (e perdoado o tal tio bobo).
Márcia Széliga
http://szeliga.multiply.com

ANTONELLA COMENTA: (07/12)
Anie e Marcia e todos,
Apesar de termos sido esclarecidas sobre a tradução mal feita da reportagem, na verdade, essa tradução assustou-me ainda mais. Se ela foi feita desse modo, é porque espelha um determinado ponto de vista que ainda permanece sobre a questão da ilustração "infantilizar" (no pior sentido possível) uma obra e seus leitores. Sempre me pergunto por que certos livros adultis não são ilustrados. Quantas vezes não temos vontade de comprar um livro pela capa?
Vejo, entre meus alunos, nos projetos de leitura, como, num primeiro momento, eles não querem livros ilustrados, mas, depois, após ler com eles livros como a "Flor do lado de lá" (acho que é esse o título, sou péssima para isso!) do Roger Melo e produzirmos debates e textos sobre o livro, eles percebem a importância , a riqueza da ilustração, e que elas não são nada de criancinha, como eles afirmam ao princípio. Ou seja, há essa difusão de que livro ilustra do é coisa de criancinha! No entanto, eles amam as HQs que existem hoje no mercado... Há ainda muito o que se pensar sobre a questão da ilustração, sobretudo no âmbito da leitura escolarizada!
Beijos e continuem criando muuuuuito!
Antonella

ANIE COMENTA: (08/12)
Oi Márcia!
Oi Antonella!
Oi Leo!
Concordo, com vc Antonella! Fiquei ainda mais assustada com o esclarecimento do Leo, pois reforça a ideia de que a ilustração é algo para criancinhas, um enfeitezinho para seduzir os inocentes, que ainda não foram apresentados às letras. Não há antagonismo entre texto escrito e texto por imagem. Um não desqualifica o outro, pelo contrário. O depoimento da Márcia foi bárbaro. Acho que todo ilustrador tem algo assim para contar.
Pensando nisso, poderíamos pensar num encontro para o ano que vem, hein? Quem sabe um ciclo de debates, conversa, seja o que for! Poderíamos fazer para professores e alunos! O que me dizes, Antonella? Ou ainda escrever depoimentos como estes em um blog. Animei!
Beijos!
Anie
Anielizabeth
Ilustradora
www.anielizabeth.blogspot.com
Coordenadora Regional AEILIJ - RJ
www.aeilijrio.blogspot.com

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

DICA DE LEITURA DO DIA...

MINHAS PELES



“'Quem sou eu?' Às vezes me comparo com as cobras, não por serpentário ou venenoso, mas tão-só porque eu e elas mudamos de pele de vez em quando. Usei muitas peles nessa minha vida já longa, e é delas que vou falar.
A primeira de minhas peles que vale a pena ser recordada é a do filho da professora primária, Mestra Fininha, de uma cidadezinha do centro do Brasil.
Outra saudosa pele minha foi a de etnólogo indigenista. Vestido nela, vivi dez anos nas aldeias indígenas do Pantanal e da Amazônia.
Não os salvei e esta é a dor que mais me dói. Apenas consolam algumas poucas conquistas, como a criação do Parque Indígena do Xingu e do Museu do Índio, no Rio de Janeiro.
Pele que encarnei e encarno ainda, com orgulho, é a de educador, função que exerço há quatro décadas. Essa, de fato, foi minha ocupação principal desde que deixei etnologia de campo.
Eu investia contra o analfabetismo ou pela reforma da universidade com mais ímpeto de paixão que sabedoria pedagógica. Não me dei mal. Acabei ministro de educação de meu país e fundador e primeiro reitor da Universidade de Brasília.
Outra pele que ostentei e ostento ainda é a de político. Sempre fui, em toda a minha vida adulta, um cidadão ciente de mim mesmo como um ser dotado de direitos e investido de deveres. Sobretudo o dever de intervir nesse mundo para melhorá-lo.
Com a pele de político militante fui duas vezes ministro de Estado, mas me ocupei fundamentalmente foi na luta por reformas sociais, que ampliassem as bases da sociedade e da economia, a fim de criar uma prosperidade generalizável a toda a população.
Fracassando nessa luta pelas reformas, me vi exilado por muitos anos e vivi em diversos países. Minha pele de proscrito foi mais leve do que poderia supor.
Meu ofício naqueles anos foi de professor de antropologia e, principalmente, reformador de universidades. Disto vivi.
No exílio, devolvido a mim, me fiz romancista, cumprindo uma vocação precoce que me vem da juventude.
Só no meu exílio, nos seus longos vagares, tive ocasião e desejo de novamente romancear.
De volta do exílio, retomei minhas peles todas. Hoje estou no Brasil lutando pelas minhas velhas causas: salvação dos índios, educação popular, a universidade necessária, o desenvolvimento nacional a democracia, a liberdade. No plano político, fui eleito vice-governador do Rio de Janeiro e depois senador da República.
Essas são as peles que tenho para exibir. Em todas e em cada uma delas me exerci sempre igual a mim, mas também variando sempre.”
Texto de Darcy Ribeiro publicado em 1995 no livro de sua autoria O Brasil como Problema.
 Leiam o livro:
O PROCESSO CIVILIZATÓRIO: Etapas da evolução sócio-cultural 
Editora Companhia das Letras, São Paulo: 1997/2005 (11ª e 12ª edições).
Acessem a página:
Fundação Darcy Ribeiro 







Thiago, uma luz se acende

"Tem muita gente com dificuldade em leitura e matemática. Eu sei. Por isso, acredito que a solução são as escolas em tempo integral. Não há como pensar diferente."
Vocês devem estar pensando que talvez esta seja uma declaração de nosso Ministro da Educação, Fernando Haddad __ a quem eu particularmente apoio __, ou, quem sabe, de algum educador famoso. Não! Quem afirma isso é um jovem rapaz alagoano de 17 anos, Thiago Correia, filho de camelôs, que acaba de descobrir os textos de seu conterrâneo Graciliano Ramos e que, em função disso, passou a gostar de ler.
Uma maravilha, não? Que lucidez! Thiago revive, em sua palavra de quem se encontra no meio do furacão, o ideal de Darcy Ribeiro e de outros tantos educadores e, dentre outros e outras, o desta que lhes escreve aqui (com toda a modéstia que me cabe!).
Não há como pensar diferente mesmo, Thiago.É preciso urgentemente rever nosso sistema educacional. Essa escola que está aí posta para nossos alunos não atende a ninguém, nem a vocês, meninos pobres e esperançosos, nem aos filhos da classe média, desinteressados e desmotivados, nem aos filhos da elite, que partem para estudar fora do país ( e não sei se encontram coisa muito melhor por aí...).
Concordo em voz e tempo com você, Thiago! Temos de pensar  já numa escola em tempo integral, com disciplinas optativas, com estudos dirigidos, com excelentes bibliotecas, com ambientes agradáveis para nossos jovens, com aulas fora desse esquema empobrecido do simples decoreba de conteúdos vazios e com professores valorizados, respeitados e bem pagos, dedicados integralmente à função que lhes cabe, primordial em nosso país e em nossa civilização!
Não há como fugir disso se quisermos progredir como país, como povo e, sobretudo, como homens e mulheres nesse mundo tão bárbaro que estamos deixando como legado para esses jovens...
Para Darcy Ribeiro,
"No Brasil, o preconceito racial é muito forte, muito duro. Mas o mais duro é o preconceito social. Você passa por um pobre no Brasil como se passa por um cachorro morto ou como se passa por um poste: você não vê. Nós estamos calejados dessa brutalidade".
Isso só se resolve com educação e da boa, sobretudo uma educação para construirmos um Homem melhor.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

DICA DE LEITURA DO DIA...

Alunos Felizes - Reflexões Sobre a Alegria na Escola - Snyders, Georges 

Um livro em que o pensador e educador francês discute o prazer de aprender... Um bom ponto de partida para entabularmos uma discussão sobre educação!

Correção

Um pacote de provas ansiosas para serem corrigidas me espera. E eu postergo esse momento até um cachorro rotwailler aparecer rosnando no horizonte prestes a me devorar caso eu não cumpra essa tediosa tarefa.
Desânimo total. Por que, perguntarão vocês , meus caros leitores? Que falta de ética uma professora declarar assim, em público, não ter vontade de corrigir as provas finais de seus alunos de 6º ano. Meus alunos são crianças e adolescentes adoráveis, cada um com sua singularidade e, ao mesmo tempo, com seus desejos da juventude, com suas asas por bater e a matraca de maritacas sempre a funcionar. Então, o que me faz ter esse desânimo? A descrença nesse sistema educacional falido em que nos encontramos inseridos. Não creio mais na escola como ela se coloca para nossos jovens. Não sei exatamente o que propor, mas isso que aí está desde o século XVIII em nossa sociedade burguesa e capitalista não me convence mais.Não se trata de informartizar tudo, pois até mesmo com a tecnologia mais atualizada podemos nos tornar macacos-de-imitação. Acredito que se deva buscar uma formação pela alegria de descobrir. Tornar nossos alunos em pesquisadores, despertar-lhes o gosto pelo que o próprio semelhante produz, produziu e produzirá.
Penso mais uma vez na bactéria arsênica. Por que não aprendi  química? Uma disciplina tão interessante e fundamental para compreender a vida em nosso planeta! Porque era chata e totalmente desligada da realidade... Por que os alunos não gostam de ler? Entre muitos e muitos motivos, porque, na escola, ler torna-se uma obrigação chata, com provas, testes e cobranças da pior espécie. E por aí vamos...
Tenho de parar por aqui. O pacote me chama e tenho prazo para devolvê-lo cheio de rabiscos vermelhos.
Nos anos 30, o mestre Anísio Teixeira já dizia:
(...) educação não é preparação, nem conformidade.
Educação é vida, e viver é desenvolver-se, é
crescer. Vida e crescimento não estão subordinados
a nenhuma outra finalidade, salvo mais vida e mais
crescimento.

sábado, 4 de dezembro de 2010

DICA DE LEITURA DO DIA...

Não deixem de ler e ofertar às crianças e aos jovens o livro Os príncipes do destino de Reginaldo Prandi da Ed. Cosac e Naif. Ótima leitura para hoje!

Dia de Yansã

Hoje é dia de Yansã  com seu poder sobre o mundo. Dia de tempestades, com seus raios, trovões e todas as forças dos quatro elementos. Dia de deixar a água varrer coisas negativas, de levar a alma literalmente! 
Com a recente descoberta da bactéria arsênica, é impossível não revolucionar nosso modo de encarar a nossa existência neste planeta e no universo. Precisamos urgentemente nos conscientizar de que isto aqui é um passo do caminho e de que outros mundos, outras forças, outras existências nos acompanham. Yansã é também uma realidade, assim como todas as forças que movem o universo. O que é a vida, afinal? Os cientistas da NASA já descobriram que necessitarão rever seus conceitos. E nós? Ainda continuaremos ceticamente a duvidar? 
Monteiro Lobato, em 1909, disse:
"O fato de não sabermos uma coisa não a exclui da natureza ou não a põe sobre a natureza. É apenas um aspecto da natureza que ainda não conhecemos. Um dia, esses fatos psíquicos, considerados sobrenaturais, estarão conhecidos e fichados, como tantos da química. Um sexto sentido parece que vem vindo como foram vindo nossos atuais cinco sentidos __ e virá um sétimo, um oitavo, etc. Evolução. E cada novo sentido nos descortinará um 'outro mundo'."
Para pensarmos neste 4 de dezembro, dia de Yansã... http://www.youtube.com/watch?v=lvyq3R8bKtA&feature=related